Pulgas na Rede

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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Atentados anti-cultura no Brasil...

Boa noite de quarta feira a todos vocês, internautas e leitores aqui do Pulgas na Rede!

Janela do meu quarto; amanhecer de 01/01/2012
Toda virada de ano é marcada por uma série de promessas e simpatias esotéricas, ou juramentos, ou seja lá o que for - com intuito de mudança e busca de melhores condições profissionais ou pessoais. Isso com certeza acontece no mundo inteiro, e é bastante comum nas casas de todos os brasileiros.

Também já não é novidade - inclusive até repetimos o quase jargão aqui - que para as mudanças acontecerem, elas devem começar não em outro lugar senão dentro de nós mesmos. É aquele velho papo de individual pelo coletivo, pra se ter o coletivo pelo individual, e por aí vai. Pois bem, é mais ou menos nessa linha que nós vamos falar sobre o assunto de hoje.

Atentados?
Atentados anti-cultura no Brasil... Não sei como você encara esta proposição, caro leitor que não convive de perto com a classe artítstica (profissionalmente falando). Mas para mim e vários amigos este é um assunto muito sério e que, por se tratar do nosso modo de vida, muito além de simples gosto estético, é um caso que às vezes nos sufoca e já mandou muita gente boa embora do país em busca de melhores condições de trabalho e/ou convivência. Então vamos finalmente ao ponto.

Fiquei sabendo através do Facebook da repercussão negativa - pelo bem da nação - de uma edição daquela revista Época, que eu sinceramente nem sabia mais que existia. Vocês podem fazer uma visita ao blog do Gustavo Magnani, que se chama Literatortura. Este link vai direto pra reportagem que citei, então é bom dar uma olhada antes de continuar a ler, afinal conteúdo nunca é demais.

A manchete de capa da revista diz o seguinte: "Com o sucesso 'Ai se eu te pego' o cantor paranaense Michel Teló traduz o valor da cultura popular para todas as classes". Não vou me aprofundar muito neste assunto, já foi bastante explorado pelo Gustavo, dêem uma olhada.

Eu fico sem palavras pra exprimir o que sinto quando vejo um veículo de comunicação que atinge várias classes sociais reproduzindo uma matéria como essas. Torpe. Fere a dignidade dos artistas nacionais. Não... Qualquer pronunciamento negativo é pouco. Não pelo artista que está sendo citado (até porque conheci esse Michel através dessa reportagem), mas pela idéia que a revista pretende enfiar goela abaixo da sociedade pouco instruída. Lendo o fórum da revista sobre o assunto a gente vê alguns absurdos replicando comentários indignados, como "Música clássica é coisa de gente velha". Aí fico me perguntando para onde está se encaminhando nosso país.

Estamos a menos de 1 semana de um evento que vai coroar o desenvolvimento dos atentados anti cultura aqui no Brasil. Alguém chuta? Aí vai uma dica: Serão 12 participantes confinados dentro de uma casa, convivendo juntos, realizando provas que exigem aqüidade física e raciocínio (pô, superestimei bem agora), todos buscando uma enorma quantia de dinheiro. Pois é.

Admiro muito Pedro Bial enquanto escritor e jornalista. Ele é excelente no que faz. Mas acho medíocre quando vejo um profissional de alto nível como é ele se submetendo a uma atividade alegórica dessas. Sinto mesmo vergonha alheia. Mas vou ressaltar uma coisa que acho mais que relevante. Desde a grécia antiga que os governantes e filósofos - acho que foi Heidegger, faltei a aula - comentavam sobre os gostos da população, e como fazê-las consumir algo que lhes ocupe demais a mente a ponto de esquecer os problemas sociais, ou deixem de se preocupar com refinamento estético. Isso veio antes da política de pão e circo. Heidegger (se foi ele mesmo) fez alusão ao gado, quando passavam por período sem bom crescimento dos pastos. Davam-lhe uma massa de mistura de água com cereais (aqui na terrinha a gente chama de angú, hehe), e o gado ficava empanzinado, não precisava do pasto. Massa para gado empanzinado. Foi daí que surgiu o termo "a grande massa". Com isto, acho que fica claro - embora controverso, por favor, não é o foco da questão - que essa necessidade partiu do povo que, como o gado, precisava de algo para consumir, irracionalmente, mesmo que isso lhes fizesse alheios à problemática inteira à sua volta.

A televisão reporta este tipo de programa medíocre porque tem quem assista. Música de baixa qualidade filosófica, criativa e estética pega porque tem quem escute. Roupa da moda é cara porque tem quem pague o preço. Tenho fé ainda que a humanidade vai chegar em casa do trabalho à noite, desligar a porra da televisão e ler um livro. Mesmo que seja um Crepúsculo da vida; que, apesar de ser uma história fútil e vazia, incentivou a leitura de milhares de jovens.

É hora, meus caros, de voltarmos a crítica ao que realmente precisa. E a quem realmente merece!

3 comentários:

  1. Tem razão Leandro.Esse bbbosta,naõ aguento mais isso.Já deu!

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  2. É meu caro amigo Leandro, será que um dia 'a grande massa' será capaz de enxergar toda essa manipulação cultural e se libertará dessas correntes invisíveis? Enquanto o nosso país não der prioridade a educação de fato, e aí há também a discussão sobre que tipo de educação seria mais apropriada, não vamos alcançar esta realidade. Os governantes continuam e vão continuar querendo mamar nas tetas do Brasil às custas do povo e para isso precisam de um povo manipulado. Por enquanto vamos fazendo o trabalho de formiguinha e provocando estas discussões por aqui e por outros meios. Abraço!

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  3. Flávio, esse é um assunto tão vasto, com tantos afluentes de início e resolução de problemas... E tantos absurdos que rondam a problemática... Que pra começar a tentar resolver a gente fica meio naquela de olhar pra casa sem saber por qual cômodo começar a faxina... rs

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