Pulgas na Rede

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sábado, 7 de janeiro de 2012

Dó Menor

Chuva fina, vento dorido. O final da tarde, e não sabia o que mais envolvia o ambiente em brumas; os cigarros queimando, solitários, o sopro suave e frio em dó sustenido, as janelas, cortinas e portas trancadas... E o meio copo, a metade marrom, destilada, diluída no gelo despreocupado.
    E os olhos que, às vezes, se enchem de saudade.
   
Aquele telefonema impensado que ainda estava por vir. E os lençóis cansados, embotados de perfume que insistia em esvair-se cada vez mais depressa...
    A escuridão, inconstante à lentidão dos pensamentos. Quisera por vezes estar esparramado na calçada, cão sem dono, lua nova. Os dedos tocando o meio-fio, o cheiro do asfalto e fumaça. Mas estava ali, na solidão das velas acesas, na imensidão profunda e vasta, ao relento oceânico que, por pouco, por faltar o cheiro de mar, a canção das ondas umedecendo a areia... por tão pouco, viu-se tão somente no canto do quarto. E sentiu vontade de ter a noite nos braços, e dormir nos braços da noite.
    E nunca saber a quem realmente estava se referindo. À embevecida insensatez, à noite sem luar, ou ao Jazz que ouvia, solene.

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