Chuva fina, vento dorido. O final da tarde, e não
sabia o que mais envolvia o ambiente em brumas; os cigarros queimando,
solitários, o sopro suave e frio em dó sustenido, as janelas, cortinas
e portas trancadas... E o meio copo, a metade marrom, destilada,
diluída no gelo despreocupado.
E os olhos que, às vezes, se enchem de saudade.
Aquele telefonema impensado que ainda estava
por vir. E os lençóis cansados, embotados de perfume que insistia em
esvair-se cada vez mais depressa...
A escuridão, inconstante à lentidão dos pensamentos.
Quisera por vezes estar esparramado na calçada, cão sem dono, lua nova.
Os dedos tocando o meio-fio, o cheiro do asfalto e fumaça. Mas estava
ali, na solidão das velas acesas, na imensidão profunda e vasta, ao
relento oceânico que, por pouco, por faltar o cheiro de mar, a canção
das ondas umedecendo a areia... por tão pouco, viu-se tão somente no
canto do quarto. E sentiu vontade de ter a noite nos braços, e dormir
nos braços da noite.
E nunca saber a quem realmente estava se referindo.
À embevecida insensatez, à noite sem luar, ou ao Jazz que ouvia, solene.
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